A sigla do momento (e do futuro), ESG, tem se tornado tema recorrente no setor logístico, principalmente após a pandemia da Covid-19.
Isso porque, com as preocupações sobre o meio ambiente e sociedade ganhando mais espaço no mercado, o conceito se tornou sinônimo de responsabilidade socioambiental e credibilidade para as empresas.
Na logística, as ações em ESG têm potencial para impactar diversas frentes do setor, propondo melhores práticas para minimizar as consequências ao meio ambiente, construir um mundo mais justo e responsável às pessoas e implementar processos competentes de administração.
Neste artigo, entenda o que é ESG, porque é fundamental implementar as práticas na sua empresa e como a Trackage auxilia a sua operação logística.
1 → O que é ESG
A sigla ESG significa, em inglês, Environmental, Social and Governance e se refere a boas práticas empresariais que estejam em conformidade com os aspectos:
- Ambiental: relacionado à sustentabilidade e redução de impactos negativos no meio ambiente, como economia de água, eficiência energética e redução da emissão de carbono na atmosfera.
- Social: no que diz respeito a responsabilidades trabalhistas e sociais das empresas, como segurança do trabalho e diversidade.
- Governança: referente à implementação de processos competentes de administração focados em transparência e ética.
O termo foi criado em 2004, por uma iniciativa do Banco Mundial em parceria com a ONU que, em janeiro daquele ano, reuniu as 50 principais instituições financeiras do mundo com o intuito de buscar maneiras de integrar o ESG aos mercados de capitais.
A ideia era mostrar que as empresas têm papel importante na busca de melhorias em diversos aspectos da sociedade, e com o ESG era possível medir o impacto que as ações de sustentabilidade geram em seus resultados.
“Antes se tinha a sustentabilidade de um lado e o mercado financeiro de outro, que se movia sem qualquer métrica que pudesse avaliar se algo era sustentável ou ético. E o ESG veio justamente com esse olhar de curto prazo para riscos e métricas, enquanto a sustentabilidade tem um olhar de longo prazo para a estratégia do negócio. O ESG é uma ferramenta para as empresas e instituições alcançarem a sustentabilidade por meio de indicadores e investimentos”, explica Daniely Andrade, Gerente ESG da Rumo Logística.
A partir disso, seja por cobrança dos próprios consumidores ou do mercado, os valores ESG passaram a nortear ações e estratégias dentro das companhias dos mais diversos segmentos no mundo inteiro.
1.1 → Avanços de ESG no Brasil
Embora seja uma questão urgente e atual, as ações em ESG no Brasil ainda estão em fase de amadurecimento.
Contudo, em parte por conta da pandemia da Covid-19, o interesse de empresas e investidores pela incorporação do tema em suas cadeias produtivas tem aumentado nos últimos anos.
Segundo estudo feito pela Morningstar a pedido da Capital Reset, no Brasil, fundos ESG captaram ao menos R$ 2,5 bilhões em 2020, sendo que mais da metade dessa captação veio de fundos criados no mesmo período.
De acordo com Daniely, as empresas brasileiras estão começando a ter acesso a uma série de indicadores, parâmetros e métricas internacionais de ESG já consolidadas, com foco em reportar padrões de sustentabilidade para facilitar a comparação e entendimento, principalmente por parte de investidores e acionistas.
“No Brasil, empresas de capital aberto já fazem reports e relatórios de sustentabilidade, porém poucas empresas de capital fechado assumem essas ações, quando na verdade o ESG traz muito essa questão de transparência de indicadores”, explica.
Mesmo ainda dando os primeiros passos nessa jornada, a tendência é que as empresas acelerem suas práticas sustentáveis, seguindo por um caminho sem volta, em que a sustentabilidade e o lucro são indissociáveis.
“O ESG não tem mais volta. Não é uma moda, ele veio pra ficar e as empresas que não entenderem isso estão fadadas ao fracasso”, declara Daniely.
2 → ESG na logística
E se os princípios de ESG estão tendo cada vez mais prioridade para empresas de todos os setores, na logística não seria diferente.
A adoção e consolidação de políticas e indicadores ESG ganhou ainda mais relevância na área logística após o setor ter alcançado uma importância expressiva durante a pandemia, com os impactos e mudanças na cadeia de consumo e adaptação das empresas ao digital.
2.1 → Responsabilidade sobre cada princípio
Segundo Daniely Andrade, Gerente ESG da Rumo Logística, por ser o interlocutor entre a mercadoria e o consumidor final, o maior desafio do setor logístico está mais relacionado à eficiência.
“O setor não produz, então o foco da logística é fazer a distribuição e transporte de uma forma eficiente, de modo que se emita menos carbono e se tenha responsabilidade sobre a cadeia no que se refere a direitos humanos, por exemplo”, ressalta Daniely.
Para entender melhor, vejamos os impactos e desafios das atividades logísticas em cada um dos três aspectos.
Ambiental: redução da emissão de gases
No Brasil, um dos maiores desafios para o segmento é relacionado à emissão de gases de efeito estufa.
Isso porque a queima de combustíveis fósseis por veículos com baixa eficiência energética causam altos níveis de poluição atmosférica e o país integra a lista dos maiores emissores desses poluentes no mundo.
Nesse cenário, a otimização da cadeia logística, envolvendo soluções para automatização de processos, por exemplo, auxilia na redução da pegada de carbono e ajuda na desaceleração de problemas ambientais.
Atualmente, já existem inúmeras tecnologias e processos sustentáveis que auxiliam milhares de empresas a reduzirem não só a emissão de gases na atmosfera, como também os altos custos de logística.
Social: cuidado com as pessoas
O pilar social na logística remete mais aos deveres das empresas em relação aos envolvidos na cadeia de suprimentos.
Assim, é preciso que suas ações e atividades estejam alinhadas principalmente aos princípios de direitos humanos, focando em questões como:
- Melhoria das condições e jornadas de trabalho de motoristas e operadores;
- Garantia de segurança nas estradas e nas operações;
- Valorização da diversidade, tanto em cargos operacionais quanto de liderança, e combate à discriminação;
- Combate à exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas e portos;
- Redução de impactos negativos para as comunidades à beira das estradas e em torno das operações.
Governança: gestão inteligente e transparência
O terceiro princípio ESG, a Governança, se relaciona com o setor logístico de duas formas:
- Sobre a garantia de transparência, ética e responsabilidade da empresa, aqui tendo uma visão mais externa;
- E sobre o sistema interno de controles, práticas e procedimentos para gerir e tomar decisões.
O primeiro tópico diz respeito a, por exemplo, políticas anticorrupção, proteção de dados, código de conduta, análises e metas para o cumprimento das ações ESG, entre outros temas que tornam a administração sólida e transparente e geram valor a longo prazo.
Já o segundo tópico se refere a uma gestão inteligente com relação à adoção de soluções que otimizem tempo, controlem gastos e facilitem a gestão de pessoas, impactando em um melhor desempenho da empresa.
2.2 → Benefícios em adotar ESG
Uma cadeia de suprimentos alinhada aos princípios ESG possibilita à empresa um crescimento financeiro mais sustentável e estratégico, gerando uma série de benefícios tangíveis e intangíveis, como:
Redução de custos
Com base em uma gestão eficiente, é possível reduzir custos ao fazer um melhor uso dos recursos, como água, energia, papel e combustível.
Consequentemente, a empresa também diminui os desperdícios e ganha em economia.
Renato Vieira, CPO da Trackage, ressalta que com a evolução da tecnologia e da ciência, há cada vez mais condições de desenvolver novos produtos e serviços sustentáveis.
“Na prática, as empresas precisam entender que não se trata somente do meio ambiente, mas também de redução de custos”, explica.
Otimização e maior produtividade
Ao contar com soluções para a automatização de processos, por exemplo, é possível otimizar o fluxo logístico, seja operacional ou administrativo, sobre tarefas que demandam mais tempo e atenção à execução.
Com isso, a tecnologia acaba promovendo uma maior produtividade da operação.
Fortalecimento de relações com investidores
Neste aspecto, a implementação do ESG demonstra o compromisso da empresa e gera maior transparência aos investidores.
Isso porque cada vez mais cresce a constatação de que empresas aderentes às boas práticas ESG superam suas concorrentes em retorno de capital investido, além de conseguirem gerenciar melhor seus riscos.
Diferencial competitivo
Atualmente, as empresas são constantemente observadas de perto por uma sociedade mais crítica e organizada por mudanças, e o envolvimento com pautas e causas sociais e ambientais reflete diretamente na sua imagem e valor no mercado.
“Antigamente, juridicamente, o valor da empresa era calculado pelos bens e patrimônios que ela tinha: o terreno, os computadores, o maquinário, a mobília. Porém, se hoje as empresas estão na nuvem, como que a gente estabelece um valor ‘só pelo nome’ dela? Por isso, cada vez mais se valoriza empresas que prezam pelo bem do meio ambiente e das pessoas: não é mais possível separar os valores da empresa do quanto ela vale no mercado”, explica Victor Hugo Moreira, CEO da Trackage.
Nesse contexto, a demanda por empresas comprometidas com a sustentabilidade e as práticas ESG deve crescer consideravelmente por conta da própria mudança de postura do consumidor.
A partir disso, aquelas que se anteciparem a essa tendência devem ganhar um diferencial competitivo, tendo menos chance de perder valor no mercado e até mesmo, se tornando referência para o setor.
2.3 → Como aplicar ESG na empresa
Antes de tudo, é fundamental destacar que o ESG deve ser um conjunto de práticas a serem trabalhadas de maneira contínua, tendo objetivos e metas, e não apenas ações isoladas.
Para isso, é preciso ter um planejamento bem estruturado e trabalhar a cultura ESG na empresa, para que todos estejam cientes das estratégias e contribuam para cumpri-las.
A partir disso, implementar o ESG requer mapear e documentar todas as atividades e processos e elaborar um planejamento estratégico que contemple mudanças na cadeia, sejam elas pequenas ou de maior impacto, e reforcem os valores ESG.
O ideal é ter uma equipe ou responsável que tenha foco específico em acompanhar essas ações e indicadores.
Assim, busque responder às seguintes questões:
Ambiental
- Como a empresa se compromete com a redução da emissão de poluentes?
- Como a empresa busca reduzir o consumo de papel, energia e outros recursos?
- Como é feita a gestão dos resíduos?
- Há uma priorização do uso de energias renováveis?
- Como é realizada a logística reversa dos produtos?
- A empresa conta com o apoio de softwares de gestão logística para otimização e automatização de processos?
Social
- De quantas horas é a jornada de trabalho dos motoristas?
- Colaboradores e motoristas possuem boas condições de trabalho?
- A empresa conta com soluções para segurança no transporte e operação?
- Qual a taxa de turnover?
- Quais os benefícios oferecidos pela empresa aos colaboradores?
- Como a empresa valoriza as pessoas que integram seu ecossistema?
- Há programas de treinamento e capacitação?
- A empresa possui mecanismos para medir a satisfação de clientes?
- Os parceiros e fornecedores também têm suas práticas alinhadas aos valores ESG?
Governança
- A empresa tem transparência em seus dados financeiros e contábeis?
- A gestão é honesta, equilibrada e busca atender aos interesses de todas as partes envolvidas?
- A empresa segue as normas da LGPD?
- Existe uma política de compliance?
- Existem medidas para gestão de riscos?
- A empresa utiliza softwares que disponibilizam relatórios e indicadores?
Com essas informações em mãos, o próximo passo é definir as metas, o que será feito para alcançá-las, o período e quais parâmetros serão usados para medir o sucesso das ações.
É importante ressaltar também que para se enquadrar ao ESG não é possível seguir apenas um pilar e negligenciar isso pode trazer consequências à operação.
“O que não é medido não é gerenciado. Do contrário, a partir do momento que você estabelece métricas e indicadores ESG, você consegue mensurar o impacto da sua empresa sobre esses pilares, podendo reduzir o que é negativo e potencializar o que é positivo”, ressalta Daniely Andrade, Gerente ESG da Rumo Logística.
3 → ESG na gestão de pátio
Com a sociedade e o mercado se adaptando e integrando a tecnologia em todas as esferas e níveis do cotidiano, sua adesão no setor logístico não seria diferente, sobretudo na Gestão de Pátio.
E é justamente as soluções de monitoramento, agendamento e controle de pátio que auxiliam as operações logísticas a estarem alinhadas aos princípios ESG.
Ao contar com um Yard Management System (YMS) ─ em português Sistema de Gestão de Pátio ─, por exemplo, a operação ganha em visibilidade de toda a cadeia, o que proporciona a identificação de problemas e oportunidades diretamente ligados aos aspectos ambiental, social e de governança. Tudo em tempo real.
“Com impactos diretos em ESG, um YMS entrega dados de controle logístico, Inteligência Artificial e a melhora na qualidade de vida de motoristas e operadores logísticos ao reduzir o tempo de espera em filas e o acúmulo de veículos para carga e descarga”, comenta Victor Hugo Moreira, CEO da Trackage.
Em resumo, um sistema de gestão de pátio auxilia a impulsionar resultados em ESG à medida que oferece informações e indicadores para:
- Tomada de decisões assertivas;
- Mitigação de riscos;
- Mapeamento de oportunidades;
- Planejamento e otimização da cadeia de suprimentos;
- Eliminação de gargalos comuns das operações.
3.1 → Como o YMS Trackage Maestro colabora em ESG
O YMS Trackage Maestro é um software de Gestão de Pátio que oferece o controle e a visão completa de toda a operação logística, desde a chegada de um veículo na portaria até sua liberação.
Ao integrar à estratégia ESG da empresa, a solução Trackage entra como aliada para reduzir complexidades e gerar eficiência, promovendo uma gestão mais inteligente, ambientalmente sustentável e socialmente responsável.
Ambiental
Substituindo processos feitos manualmente, por exemplo, o YMS Trackage Maestro reduz drasticamente o uso de papel e demais materiais e, consequentemente, os custos da empresa com esses insumos.
“Muitas operações ainda têm seus processos feitos por planilhas, como verificação de veículos, vistoria e, em alguns casos, até o controle de entrada e saída de veículos são feitos ainda no papel. Mas com nossa solução para Gestão de Pátio é tudo feito virtualmente, por meio de checklists digitais”, explica Renato Vieira, CPO da Trackage.
E a economia não vem apenas do papel: com a automatização do agendamento e otimização das etapas dentro do pátio, também há a redução da emissão de CO² em função do uso eficiente de recursos como diesel, óleo, água, entre outros.
“Quando se fala em gestão de pátio, o YMS Trackage Maestro alinhado a uma política de estratégia ambiental otimiza o processo logístico, que auxilia na redução do consumo de combustíveis tanto por caminhões quanto por ativos, como as empilhadeiras”, reforça Victor Hugo Moreira, CEO da Trackage.
Social
Relacionado a este indicador, um dos maiores benefícios das soluções Trackage é a redução do tempo de veículo parado.
Além de diminuir altos custos e até mesmo evitar multas, essa redução está diretamente ligada a um tópico que não é mensurável, mas que gera um impacto enorme em Social: a qualidade de vida de motoristas, ajudantes e demais profissionais do setor.
Atualmente, o maior gargalo está nos Centros de Distribuição: no processo de carga e descarga é comum veículos ficarem horas, dias parados, ou até mesmo serem mandados embora sem realizar o processo.
Frente a isso, uma das principais funções do YMS Trackage Maestro é agilizar todo o processo para que o veículo fique parado durante o menor tempo possível.
“Quando você tem uma ferramenta que possibilita que esses profissionais fiquem o menos tempo possível dentro do pátio, isso não só proporciona a melhor qualidade de vida dessas pessoas como também que ganhem mais: pela eficiência e rapidez da sua operação ele consegue realizar mais serviços em menos tempo”, destaca Daniely.
Segundo um estudo realizado com base nas operações da DHL, cliente da Trackage, a redução do tempo de espera com nossas soluções é de até 60%.
Logo, se um caminhão tem um tempo de espera de 7 horas, por exemplo, o YMS Trackage Maestro reduziria para menos de 3 horas. Com isso, além de diminuir o custo do veículo parado e eliminar a aplicação de multa, o sistema evitaria o estresse operacional para todos os profissionais.
Governança
Além da otimização de processos de Gestão de Pátio e a economia de recursos humanos e de máquinas, o principal ponto a ser ressaltado em relação à Governança é que o YMS Trackage Maestro entrega dados e informações essenciais para tornar a gestão mais transparente.
“Com o YMS Trackage Maestro é possível ter controle total da gestão de pátio. Com impactos efetivos em governança, o sistema traz informações e relatórios completos das etapas de carga e descarga”, explica Igor Espírito Santo Moreira, CCO da Trackage.
A partir disso, a pessoa gestora tem a visibilidade completa da operação, tendo indicadores para resolver eventuais problemas e aproveitar oportunidades para melhorar o fluxo da operação em tempo real.
Outra vantagem do YMS Trackage Maestro é que o sistema também diminui a chance das informações acessadas por motoristas, operadores e demais profissionais envolvidos em todo o processo, divergirem ou se perderem durante a troca e confirmação dos dados.
4 → Conclusão
O mundo está passando por grandes mudanças, sejam elas ambientais, sociais ou de consumo, e o ESG surgiu para estabelecer uma nova realidade no mercado.
Atualmente, a tendência é haver maior priorização da responsabilidade ambiental do negócio em comparação com os produtos ou serviços ofertados, assim como uma gestão mais transparente e humanizada.
Na logística, a adoção de práticas ESG está em amplo crescimento e não basta apenas conhecer o termo: é preciso estabelecer estratégias, contar com soluções e trabalhar a cultura sustentável.
Sobretudo após os eventos da Covid-19, que mostraram novas formas de trabalho, relacionamento interpessoal e gestão, dificilmente as empresas ficarão presas a padrões e processos antigos.
O crescimento financeiro sustentável é o objetivo primordial para tornar o futuro viável para todos. E quem não se adaptar, não fará parte dele.