Fretes CIF e FOB: quem paga e quais as diferenças

Fretes CIF e FOB no transporte
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Os fretes CIF e FOB são modelos de frete que se destacam por algumas características específicas, como a responsabilidade pela carga, os custos com o transporte e o mercado que podem atender (como B2B e B2C).

Neste artigo, você entenderá em quais situações cada um deles é mais viável, assim como as diferenças do pagamento.


1 → O que é Frete CIF?

A sigla CIF significa Cost, Insurance and Freight, que em português é Custo, Seguro e Frete.

Essas três palavras são, inclusive, o que diferencia o frete CIF do frete FOB.

O frete CIF é adotado principalmente por empresas cujo mercado de atuação é o B2C (Business to Consumer).

Esses termos também fazem parte do Incoterms (International Commercial Terms) e podem ser encontrados no nosso Glossário da logística.

Quando utilizar

Como mencionamos anteriormente, o frete CIF é muito utilizado no comércio B2C, como lojas online no e-commerce, isso porque geralmente nesse mercado existe um alto volume de vendas e pedidos diversos para clientes variados.

Perceba que isso é um fator que gera uma grande complexidade na organização e nas entregas dessas mercadorias, tornando-se inviável – como veremos mais adiante – na modalidade FOB.

Quem paga

Agora que entendemos onde e quando o CIF é mais utilizado, é provável que você esteja pensando sobre quem é que paga pelo frete.

A resposta é o fornecedor.

No frete CIF o pagamento é feito na origem do transporte, ou seja, quando é enviado e não quando chega ao local de destino.

Uma empresa que precisa de uma remessa de produtos de uma indústria, por exemplo, ao entrar em contato com a indústria fornecedora das mercadorias e contratar o envio na modalidade CIF, está isenta de qualquer responsabilidade sobre essa mercadoria, bem como os custos de transporte, até que ela chegue em sua empresa.

Por conta disso, o frete CIF tende a ser mais caro que o FOB, já que os custos com o frete, o manuseio e toda a logística de entrega estão sob responsabilidade do fornecedor e ele irá repassar essas despesas no preço final da mercadoria.

Qual o custo

Como no frete CIF os custos do frete já estão todos integrados ao preço final do produto.

Em relação ao ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o frete pode ser declarado como CIF na Nota Fiscal, isentando o comprador de qualquer gasto adicional e absorvendo esses custos para o fornecedor.

Outra opção (por acordo entre ambas as partes) é declarar e fazer a cobrança dos valores separados em uma área específica para isso na Nota.

Segurança e responsabilidades

Assim como os custos ficam ao encargo do fornecedor, toda a responsabilidade sobre a mercadoria enviada também é inteiramente direcionada a ele.

A responsabilidade sobre a carga só é repassada ao comprador quando ela finalmente chega ao local designado por ele para a entrega.

Vantagens do frete CIF

  1. Facilita a compra já que o cliente não tem a preocupação com a entrega (no sentido de ser responsável pela carga), acaba sendo mais confortável, mesmo tendo um custo maior.
  2. Segurança novamente, pelo fato da carga ser de total responsabilidade do embarcador/fornecedor até o momento da entrega, a comodidade e segurança com o produto é um fator que contribui para a escolha do CIF.
  3. Processo de compra simplificado tanto pelos custos serem embutidos no preço final quanto pela burocracia ser menor, o CIF acaba sendo um grande aliado do e-commerce.

2 → O que é Frete FOB?

A sigla FOB significa Free on Board (algo como Livre a Bordo), e se refere ao tipo de frete onde os custos e responsabilidades sobre a carga, assim como a negociação e contratação do transporte fica toda por conta do comprador, como veremos a seguir.

Quando utilizar

Se de um lado temos o CIF sendo uma opção mais viável para clientes finais cuja prática com gerenciamento de transporte de cargas é pouca ou zero (lojistas de varejo, por exemplo), do outro, nós temos o FOB, uma opção mais adequada para as empresas.

Por conta disso, o FOB é mais requisitado para o comércio B2B (Business to Business), principalmente na compra de matérias-primas e quando a empresa já tem uma relação com alguma ou algumas transportadoras de sua preferência.

Quem paga

No frete FOB os custos de envio, manuseio de carga e tudo relacionado ao transporte da mercadoria são de responsabilidade do comprador.

É o comprador que escolhe o modal de transporte e as empresas que podem auxiliá-lo nisso.

Geralmente o comprador já tem relação com alguma transportadora e isso torna os preços mais fáceis de negociar. 

Qual o custo

Lembra que no CIF todos os custos do transporte já eram embutidos no preço final da mercadoria e a declaração dos valores na nota final era bem menos burocrática?

No frete FOB isso já muda um pouco.

É necessário declarar o valor do frete na nota fiscal, compondo a base de cálculos de tributos, junto a outros impostos como:

  • PIS (Programa de integração social);
  • IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados);
  • ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
  • Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).

Segurança e responsabilidades

Assim como os custos, a responsabilidade sobre a mercadoria dessa vez é inteiramente do comprador.

A responsabilidade sobre a segurança do produto tem início a partir do momento em que ela é embarcada, até que chegue ao ponto final de entrega.

Vale ressaltar que quando a compra é internacional, o envio da carga do ponto de origem até o ponto de embarque é de responsabilidade do fornecedor.

Vantagens do frete FOB

  1. Autonomia do comprador → com a responsabilidade sobre a mercadoria e as despesas de transporte ficam por conta do comprador, sua autonomia também é completa para decidir com quem tratar sobre o serviço de transporte, definir seus prazos e sua própria logística, sem depender de quem vende.
  2. Isenção de quem vende → se de um lado temos a vantagem para o comprador em definir toda a logística de transporte da forma que for mais rentável para ele, do outro nós temos o vendedor não precisando se preocupar com custos ou responsabilidades sobre a mercadoria. Aqui o trabalho do vendedor é encerrado quando a compra é finalizada, deixando todos os detalhes do frete para o comprador.
  3. Melhores preços dos produtos → já que não é preciso embutir os custos do frete no preço final do produto, ele se torna muito mais acessível e atrativo, sendo um diferencial competitivo no mercado.

3 → Qual tipo de frete escolher para o seu negócio

Como conta Geovani Pereira de Carvalho (Executivo de desenvolvimento de negócios e especialista em logística), a logística atualmente passa por um momento onde o frete tornou- se uma parte importantíssima. 

Uma fórmula pronta é algo inexistente quando pensamos em qual o melhor frete.

Como podemos ver nos tópicos anteriores, tanto o CIF quanto o FOB dependem da necessidade de cada empresa, assim como o tipo de comércio em que ela é ativa.

No e-commerce o CIF é praticamente dominante, pois estamos falando de um mercado onde as empresas vendem diretamente para os clientes finais (B2C). Para o verejo ele também tende a ser uma boa escolha pela burocracia ser menor e porque o cliente final não quer se preocupar com o frete.

Já no FOB, o poder de escolha está inteiramente nas mãos do comprador, dando uma liberdade maior, além de ser um modelo de frete mais utilizado para cargas de alto valor.

Um exemplo simplificado – e prático – que temos do FOB é o “Frete a pagar” que os correios fornecem. 

Independente de quem contrata o serviço, seja destinatário ou remetente, é o cliente final quem irá arcar com o frete quando receber a mercadoria.

4 → Como a tecnologia pode ser útil 

Monitoramento

Um dos principais desafios, tanto no CIF quanto no FOB, é a questão do monitoramento.

Embora o cenário atual da logística brasileira já esteja se adaptando à tecnologia como braço direito, ainda temos aquelas empresas que optaram por continuar com modelos antigos de gestão de transporte e monitoramento e, logicamente, isso acaba impactando em qualquer um desses dois modelos de frete.

No frete CIF, por exemplo, não é obrigatório o monitoramento e rastreio durante o trajeto de entrega, mas é algo que muda quando falamos de clientes de lojas virtuais como eu e você que lê este artigo.

Sabemos muito bem que é um costume do consumidor acompanhar de hora em hora aquela entrega tão aguardada, e o uso de uma tecnologia que promova esse acompanhamento acaba sendo essencial, principalmente frente aos concorrentes que congelaram no tempo ao optar por modelos tradicionais de entrega.

Além de fidelizar clientes já insatisfeitos com outras lojas, o uso de uma ferramenta que ajude a manter o controle da mercadoria em transporte se torna um diferencial competitivo no mercado.

Temos duas ferramentas que podem ajudar bastante nesse sentido, como o TMS e WMS.

“Com o WMS nós temos uma maior vazão nos pedidos, é importante internamente e pensando nessas particularidades dos fretes, porque possuem urgências diferentes. Pensando no frete FOB, se um pedido é feito para entregar no dia seguinte e não temos uma organização assertiva no estoque, teremos problemas com a entrega, problemas que podem ser previstos e evitados com um WMS”, garante Geovani.

5 → Resumo

Como podemos observar ao longo do artigo, cada frete possui uma particularidade que o adapta melhor às necessidades das empresas, não existindo um melhor ou pior, apenas mais adequado ao que ela precisa naquele momento.

Como a tabela mostra, cada particularidade atende a um público e uma necessidade específica.

CIFFOB
Mercado idealB2CB2B
Quem pagaFornecedorComprador
Quando pagaNa origem do embarqueNa chegada ao ponto de entrega
Responsabilidade sobre a cargaFornecedorComprador
Custos do FreteEmbutido no preçoCobrado separadamente na NF
Quando usarE-commerce e pedidos variadosMatérias-primas e indústrias
VantagemFacilita a compraSegurançaMenos burocraciaAutonomia do compradorIsenção do freteMelhores preços nos produtos

A escolha dos fretes é algo importante em uma época em que finalmente compreendemos que a logística não ocorre sozinha.

Tudo se integra dentro da cadeia logística e saber escolher os modelos de frete que melhor se adequam às necessidades do comércio, adiantam muito um ponto chave da logística que é a Last Mile.

Aliado à tecnologia das ferramentas atuais, temos oportunidade de fazer diferença na disputa com a concorrência, além de entregar eficiência e produtividade.