Cross-docking: o que é e quais suas vantagens

O que é crossdocking
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Dentro da logística existe um modelo de distribuição de mercadorias que é diferente do modelo tradicional.

Entre suas vantagens estão: a economia de tempo, a eliminação  à necessidade de estoque e diversos benefícios para o negócio.

Saiba mais sobre o que é o crossdocking e suas características neste artigo.


1 → O que é cross-docking 

A definição de cross-docking seria algo como “Cruzando Docas”, pois é literalmente um modelo de distribuição de mercadorias que elimina a necessidade de armazenagem e agiliza a logística de entregas.

A entrada e a saída de mercadorias das docas é contínua, sem as grandes pausas do modelo tradicional que precisa armazená-las.

Diferença entre cross-docking e distribuição tradicional

Como nós sabemos, no e-commerce o modelo de distribuição mais comum ou tradicional, é aquele onde o cliente realiza a compra e é feita a armazenagem do produto em um centro de distribuição (CD), para que posteriormente sua entrega seja realizada.

No cross-docking o fluxo é contínuo, isto é, não existe armazenagem em estoque.

É um modelo de distribuição que elimina essa etapa do processo logístico e também a necessidade de um espaço físico reservado apenas para a estocagem.

Em um estudo feito em 2019 e disponibilizado pela ABEPRO (Associação Brasileira de Engenharia de Produção), com o uso do cross-docking, o Walmart conseguiu reduções significativas nos estoques e realiza cerca de 85% das entregas por meio desse modelo de distribuição.

2 → Como funciona o cross-docking 

Como vimos antes, o cross-docking não tem como necessidade um espaço físico reservado para o armazenamento de mercadorias. Aqui, a prioridade é agilizar a entrega em um fluxo que não haja quaisquer paradas longas como ocorre quando se tem que estocar o produto.

O objetivo de dar uma rápida vazão ao produto e diminuir os pontos de parada faz com que isso beneficie o e-commerce, que cada vez mais tem como prioridade a satisfação do cliente na Last Mile.

A mercadoria chega no CD onde é feito o faturamento e então pode ficar no máximo até três dias, para então ser enviada ao cliente sem passar pelo lojista.

Desta forma, o CD acaba sendo usado como um ponto de transição e não como um ponto de armazenagem, pois sua principal função será a transferência de mercadorias de um veículo (entrada) para o outro (saída).

Em termos práticos, podemos definir o fluxo do cross-docking dessa forma:

  1. O pedido da loja virtual é feito pelo cliente;
  1. O lojista verifica o pagamento e como não tem o produto em sua loja, solicita para o fornecedor (Just in time);
  1. A mercadoria é separada pelo fornecedor e enviada o centro de distribuição cross-docking (veículo inbound, ou de entrada);
  1. A mercadoria é repassada do veículo de entrada (inbound) no CD para o veículo de saída (Outbound) e transportada para o cliente final (Last Mile).

Características do cross-docking

Tempo mínimo de permanência

Devemos ter em mente que o tempo de permanência de um produto em cross-docking deve sempre ser o mínimo.

Alguns prestadores de serviço logístico cobram taxas se o produto fica por mais de 3 dias alocado na dependências do CD.

Por conta disso, muitos realizam a operação em até 24 horas.

Despacho imediato

Se o objetivo do cross-docking é agilizar o processo de entrega e eliminar a estocagem, é sugestivo que o despacho das mercadorias seja feito rapidamente.

Se ela não puder ser enviada de forma imediata, precisa ir para uma área de picking (processo de separação de pedidos antes do carregamento), mas sempre evitando passar tempo demais no lugar para que isso não se caracterize como estocagem.

Sistema de informações

Ter um sistema que possibilite uma organização assertiva no processo de cross-docking é uma necessidade constante nesse modelo de distribuição.

Boa parte dessa necessidade se dá ao fato de que é preciso coordenar os integrantes que fazem parte do processo e principalmente monitorar o tempo que os veículos utilizam para chegar ao operador de crossdocking.


Você sabia?

Entender que o cross-docking é um modelo de distribuição, nos faz perceber que como tal, ele pode ser aplicado em estratégias logísticas e modelos de negócios diversos, contribuindo para a eficiência deles.

Um exemplo disso é o mercado livre, onde na categoria de entrega Full, o cross-docking é implementado ao same day delivery, impactando diretamente na Last Mile.


3 → Tipos de cross-docking 

Embora o conceito de cross-docking seja sempre o de agilizar e minimizar os pontos de parada no percurso até a entrega ao cliente, algumas coisas podem caracterizá-lo em diferentes tipos como veremos a seguir.

Movimentação Contínua

Movimentação contínua 

No cross-docking de movimentação contínua, temos o conceito de cross-docking aplicado de forma bem rígida.

Não há qualquer tipo de armazenamento de pedidos aqui, assim que a mercadoria chega ao CD, é repassada ao veículo outbound, para que então seja encaminhada para o cliente final.

Movimentação consolidada ou híbrida

Movimentação consolidada ou híbrida

No modelo consolidado o híbrido, os itens são separados no CD e uma parte deles é enviada ao cliente, enquanto a outra parte é enviada para um armazém.

É importante entender que o objetivo de eliminar estocagem ainda é aplicado aqui, pois esse armazenamento é feito apenas quando for necessário, com o objetivo de formar um pedido completo, e não como a armazenagem comum é realizada no modelo tradicional de distribuição.

Movimentação de distribuição

Movimentação de distribuição

Com certa semelhança com o modelo híbrido, aqui as mercadorias são separadas e aguardam até que possam completar volume suficiente para encher um veículo de carga. 

É o chamado Full Truck Load (carga completa), muito utilizado no modelo de vendas B2B.

4 →  Categorias de cross-docking 

Além dos tipos que diferenciam um cross-docking do outro, temos também características que categorizam esse modelo de distribuição.

Número de toques ou stages 

O que chamamos de toques ou stages são as vezes em que uma mercadoria é transferida de um lugar ao outro.

São basicamente dois.

  1. One touch → quando a mercadoria tem apenas uma parada para transferência, sendo do veículo de entrada para o de veículo de saída.
  1. Two touchs → é o caso da movimentação híbrida, como exemplo, onde as mercadorias são postas em picking e depois retiradas para um segundo veículo carregá-las.

Alocação das cargas

Pré-distribuição

Quando os produtos são definidos previamente para cada cliente antes de ser iniciado o processo de distribuição do fornecedor. Etiquetagem com códigos únicos para cada cliente são emitidos nesse caso. 

Pós-distribuição 

Já na pós-distribuição os produtos são recebidos no CD e designados para o cliente final ali mesmo, antes de serem postos no veículo de saída.

Estrutura do terminal

As características físicas de um terminal de cross-docking também são usadas como categorias para classificá-lo.

Formato

O formato é basicamente dividido entre as letras I, L, U, T, H ou E que é a forma como são vistos de cima.

Número de portas

Cada porta no terminal de cross-docking é um local de carga e descarga (podendo ser usado para qualquer uma dessas operações).

Geralmente variam de 4 até 6 portas, no entanto, há exceções como terminais de até 500 portas.

Característica operacional do terminal 

Até mesmo a forma como os veículos de entrada e saída são encaminhados para as portas do terminal, categorizam e dividem o cross-docking em segmentos.

Serviço exclusivo

Neste modo, existem portas exclusivas para o serviço de entrada de mercadorias (inbound) e o serviço de saída (outbound), nenhuma porta é usada para ambas as atividades.

Geralmente um lado do terminal é designado para as portas de saída e o outro para as de entrada.

Serviço misturado

Todas as portas podem realizar as duas operações, a de entrada e a de saída.

Serviço combinado

Já aqui, tanto o serviço exclusivo quanto o misturado se integram. O terminal inteiro possui portas de serviço exclusivo e portas de serviço misturado.

Preempção

Por fim, no modo de preempção o serviço de carga ou de descarga de um veículo pode ser interrompido se por acaso surgir urgência de alocar um outro veículo no terminal e não haja docas livres para isso.

O veículo que teve sua operação interrompida pode partir sem ocupar 100% da sua capacidade ou pode aguardar.

Característica do fluxo do terminal 

Chegada

Concentrada → os veículos de carga e os de descarga chegam para suas devidas operações em horários distintos. Uma empresa pode, por exemplo, determinar que os veículos de descarga cheguem apenas no período da manhã, enquanto os de carga no período da tarde.

Dispersa → diferente da concentrada, aqui não existem horários específicos e a chegada dos veículos acontece conforme a necessidade.

Partida

Restrita → tanto os veículos de entrada quanto os de saída precisam respeitar horaŕios específicos para saírem, horários que são divididos para ambas as funções (entrada e saída). Bem comum, por exemplo, nos correios, onde os caminhões devem sair no máximo até meio-dia e qualquer veículo que chegar após esse período só terá sua partida liberada no dia seguinte.

Não restrito → não existe restrição para a saída dos veículos. Sua partida pode ser realizada no momento que for necessária.

Permutabilidade

5 → Quais as vantagens do cross-docking 

Agilidade logística

Sem a necessidade de um estoque, boa parte do tempo gasto nesse fluxo de entrega do produto até o cliente final é economizada.

É uma cadeia de eventos positivos, pois com uma entrega ágil, a satisfação e fidelização do cliente se tornam muito mais próximas de alcançar.

Baixo custo

Sem o estoque como necessidade, automaticamente os custos de armazenagem também são bastante reduzidos.

No máximo, uma área de picking como vimos lá em cima, pode ser necessária, mas os gastos reais com estocagem já não se aplica aqui, gerando uma economia de gasto que pode ser direcionada para investir em outras áreas.

Melhor aproveitamento de veículos

Uma coisa natural que ocorre é também esse melhor aproveitamento dos veículos, já que as mercadorias sendo preparadas de acordo com as rotas mais rápidas para a chegada ao cliente final, exigem menos do automóvel e consequentemente fazem com que seu desgaste demore mais a ocorrer.

Diminuição da obsolescência e prazo de validade de produtos

Já imaginou o impacto que o não uso de um estoque causa nos prazos de validade de cada produto?

Pois é exatamente isso que essa economia de tempo com a estocagem faz.

Sabemos que determinados produtos não dispõem de uma durabilidade tão longa e ter essa logística ágil no cross-docking influencia bastante no cumprimento de prazos e principalmente no respeito à validade de cada mercadoria.

Redução de furtos ou perdas

A permanência mínima das mercadorias no CD reduz bastante a possibilidade de danos aos produtos ou furtos que como bem sabemos, são mais propícios de ocorrer quanto maior for a permanência de pedidos em espaços de armazenagem e espera.

6 → Como implementar o cross-docking

Planeje seu processo logístico e qualifique sua equipe

Ter um processo logístico todo planejado e em conformidade com o que todos os envolvidos esperam, é essencial para o sucesso do cross-docking.

Estamos falando de um modelo de distribuição que embora seja promissor e contribua para uma grande economia de tempo, também pode ser prejudicial se as coisas não forem devidamente planejadas.

Dentro desse planejamento, a qualificação da equipe e a compreensão uniforme de todos sobre o processo é muito importante para que não haja divergências entre as etapas do cross-docking.

Negocie com fornecedores e parceiros 

A boa relação com os fornecedores e parceiros pode significar o sucesso do fluxo logístico do cross-docking. 

Além de negociar o melhor preço com eles, é preciso garantir que as empresas parceiras e fornecedores já estejam adaptados com esse modelo específico de distribuição.

Escolha aqueles que já têm isso como atividade em sua rotina.

Conte com um Centro de Distribuição

Ao escolher um CD para suas operações de cross-docking, é preciso avaliar algumas características que influenciam na sua efetividade.

  • Proximidade do centro de distribuição aos fornecedores e parceiros;
  • Região com fácil acesso a rodovias e vias expressas que ajudem na economia com fretes;
  • Instalação adequada, envolvendo processos de classificação, separação, encaminhamento e sincronização de pedidos (entre seu recebimento e sua saída).

Invista em tecnologia

Por último, investir nas melhores tecnologias pode adiantar boa parte de todo o processo.

Nas palavras de Geovani Pereira de Carvalho (Executivo de desenvolvimento de negócios e especialista em logística), o uso de um ERP facilita muito a implantação do modelo cross-docking de distribuição, e se aliado a outras tecnologias como o YMS, potencializa ainda mais a eficiência do processo.

“Um ERP com um YMS igual ao Trackage Maestro é o cenário perfeito para um gestor. O controle de mercadorias pode ser feito com o ERP, enquanto a redução de tempo de permanência de veículos nas docas fica com o YMS, essa integração natural entre os sistemas agiliza todo o processo”, completa Geovani.

O YMS age diretamente no controle das operações de pátio e agendamento de docas, tendo grande influência nesse setor logístico. 


O cross-docking facilita muito as coisas para o e-commerce, mas também precisa de uma maturidade de negócio da parte dos gestores e todos os envolvidos nesse processo.

Por ser um modelo de distribuição com certa complexidade (pois exige muito mais assertividade), ter uma equipe preparada, uma boa área de atendimento (SAC para o cliente final poder acompanhar seus pedidos), tecnologias integradas e todos os componentes necessários para o sucesso desse processo, é de extrema importância.

Quaisquer erros durante as etapas do cross-docking podem resultar em um retrabalho que vai contra o principal objetivo desse modelo: a agilidade e economia de tempo.

Planejamento é a chave para fazer dessa distribuição sua vantagem competitiva frente à concorrência.

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